segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vamos acabar com a mentirada?

1) O déficit nominal do setor público, que é a diferença entre despesas e receitas, chega a 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – uma conta no vermelho de 99 bilhões de reais, muito distante da promessa do presidente Lula de zerar esta conta.

2) Na semana passada divulgou-se o número de empregos criados com carteira assinada, só em 2010: 2,5 milhões. Surpreendente, não? Para chegar a esse número, o ministério lançou mão da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que contabiliza empregos gerados no setor público. Tais são divulgados somente em maio, mas foram especialmente antecipados para que o governo pudesse atingir sua meta de criação de empregos.

3) Sobre o PAC: se alguém pega um crédito na Caixa para reformar a própria casa, o governo contabiliza isso como investimento do PAC. Isso significa que, dos 619 bilhões de reais divulgados como investimentos do PAC entre 2007 e 2010, 216 bilhões de reais provêm dos financiamentos da Caixa.

4) Essa é velha, mas não custa lembrar: no Minha Casa, Minha Vida, o discurso inicial feito em 2008 era de que um milhão de moradias seriam construídas dentro de dois anos. Ao perceber a inviabilidade de sua promessa, Lula retrocedeu e estabeleceu uma nova meta: a de um milhão de “casas contratadas” até o final de 2010. Pronto. Bastava assinar a papelada na Caixa para entrar na estatística.

5) Das 14 universidades anunciadas pelo presidente, somente 4 são realmente novas. As outras 10 são antigos pólos universitários que conquistaram independência com a permanência de um reitor. Além disso, muitas delas não têm sede. A UNIFESP, de Osasco, tem o terreno, mas há 3 anos ele está abandonado. As aulas acontecem em prédios de escolas municipais, cedidos pela prefeitura. O mesmo acontece em Governador Valadares, no prédio do Colégio Estadual, que abriga a IFMG. Na Universidade Federal do Amapá, outro problema, quase inacreditável: o curso de medicina terminou o ano passado com dois professores VOLUNTÁRIOS na disciplina de anatomia. Não passaram por concurso e não recebem salário!

Muitos números não são ruins. 2,13 milhões de empregos é muita coisa. O problema está na enganação e no ego do PT. Na eterna luta de se dizer melhor que os partidos da direita, quando saem na frente, apenas no marketing eficiente e na lorota popular. O Brasil está muito longe dos números anunciados.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Flagrante da incompetência

Reinaldo Azevedo recebeu o relato de um amigo que tem casa no Vale do Cuiabá, em Petropólis. Ele revela como anda a assistência aos desabrigados na região Serrana:

Dá para escrever uma peça teatral de tragicomédia com o que vivi nos últimos dias e horas.

Não há comando. Hoje cedo, o padre da igreja me liga fazendo um apelo para tentar conversar com a secretaria de saúde, que passou ontem lá para vacinar o povo. A primeira visita desde que aconteceu a tragédia. Ficaram apenas 40 minutos e em uma única igreja - as quatro têm desabrigados. Era meio da tarde, e vacinaram poucos. Fosse à noite ou na hora do almoço, pegava o pessoal que dorme na igreja. No meio da tarde, as pessoas estão tentando resgatar algo de seu, procurando parentes etc.

Prometeram voltar hoje. Aí os líderes locais pediram para definir uma hora aproximada, que espalhariam a notícia na região, avisando a população local. Sabe qual foi a resposta? “Manda todo mundo ficar dentro da igreja o dia todo, não sair em hipótese alguma, porque, em algum momento do dia, nós passamos”. Não é para prender o imbecil que fala uma coisa dessas?

Como havia saques na região, que só tem uma entrada e uma saída, a PM fechou com pelotão de choque. Eu contei quatro carros n o sábado, às 12h, onde precisava de apenas um. Às 22h, sabe quantos tinha? Zero. Foram embora todos e voltaram no domingo, às 8h da manhã. Como se vê, saque é proibido só em horário comercial, como a vacinação - e na hora que o médico decidir aparecer.

A resposta econômica não fica atrás. Vão dar cheque do aluguel social onde não tem casa para alugar - só sobraram a minha e outras mansões - aliás, a maioria repleta de desabrigados amigos dos caseiros; eu tinha até grávida na minha casa. O governo do estado deu isenção de IPVA em Petrópolis - só que, no bairro, ninguém mais tem carro. Adiaram pagamento de contas de luz e de água - só que os atingidos não têm mais casa. Sabe quem foi beneficiado? Eu. Minhas casa está intacta, e certamente não sou pobre e nem desabrigado.

É um absurdo o que está acontecendo.

Tenho inúmeras outras histórias para contar em poucos dias. Para resumir, acho que as Forças Armadas deveriam assumir o comando, mandar e desmandar, hierarquia, ordem etc. Aliás, quem está pedindo isso são os próprios desabrigados.

Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A influência Dilmense

BERLIM. A chefa de governo alemã, Angela Merkel, presidiu hoje uma reunião oficiala muito eleganta na capital do país. Doravanta, seu cargo, o mais alto da Alemanha, chama-se “chancelera”. Os presentes e presentas ficaram muito contentes e contentas. Isso porque esperaram pacientes e pacientas depois de séculos pela chegada alvissareira da novilíngua entre teutos e teutas.

Na solenidade, a kanzlerin, rodeada por seus seguranços e seguranças, citou o maior poeto de sua terra, Johann Wolfgang von Goethe: “Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes e todas as caminhantas.” Ela foi aplaudida do seu motoristo, sentado na primeira fileira de poltronas, aos analistos políticos, no fundo do salão. Mais adianta, com incontida emoção, a chacelera novamenta lembrou Goethe: “Reconhece-se a mulher de merecimento por este sinal: que, se o marido desaparecesse, ela podia ser o pai dos seus filhos.”

Merkel, famosa por suas qualidades de gerenta da mais pujanta economia da Europa, reafirmou sua promessa de que todas vias na Alemanha terão mão dupla com corredores independentas para pedestras, pedestres, ciclistos e ciclistas. Ao final, sorridenta, arrematou: “Feliz Ano Novo a todos e a todas.”

Por Antonio Ribeiro